segunda-feira, 11 de abril de 2011

Coração de Mãe

Eu fui criada em um meio altamente sincrético onde Catolicismo, Protestantismo e Umbanda conviviam em paz e harmonia. Cada um respeitando o outro. E acho que essa foi uma experiência muito importante na minha infância. Vivenciar os vários caminhos, entender que existem opções e escolhas. E mais, que é seu o direito e sua (e somente sua) a responsabilidade de escolher por onde e como seguir. Preciso agradecer muito a meus pais por isso.

Tendo tido essa formação, eu desde muito cedo me dispus a estudar e entender as diversas possibilidades. No entando, nunca consegui encontrar uma religião pra chamar de minha. Sempre havia alguma coisa que não conseguia coexistir com a parte céptica e cientificista do meu espírito. Até que isso perdeu importância para todas as outras milhares de coisas que chegam com a adolescência e os vinte anos. Passei então a ser típica "Ateia, graças a Deus". Não tinha religião, mas não conseguia negar minha espiritualidade.

Algum tempo antes de descobrir que eu estava grávida, no lançamento do livro da minha amiga Letícia Genesini na Livraria da Vila, um outro livro pulou aos meus olhos. O livro se chamava "Coração de Mãe - Práticas budistas para transformar a materidade" da também Letícia, Letícia Ferreira Braga. Foi esse o livro que abriu realmente a minha mente para o Budismo. Até então, eu já tinha lido alguma coisa mas nunca tinha me dedicado a tentar colocar em práticas aqueles princípios. Como esse livro foi de grande valor pra mim, vou dividir isso com vocês e fazer aqui um pequeno fichamento com aquelas partes que mais me chamaram a atenção. 



Livro: "Coração de Mãe - Práticas budistas para transformar a maternidade" de Letícia Ferreira Braga, Editora Casa da Palavra

"O budismo não é uma religião no sentido usual da palavra porque não é uma questão de fé, não envolve a adoração de um ser supremo, dogmas nem crenças, está mais próximo da filosofia e da psicologia."

"Todos nós fazemos o melhor possível, mesmo sem saber; pessoalmente, tenho me esforçado no desafio espiritual da maternidade, dedicando o meu afeto, tempo e presença na intenção pura de ajudar minha filha a crescer para uma vida íntegra, que possa trazer benefícios não só a ela mas a todos os seres, humanos ou não, com quem ela compartilha esse mundo."

"Não estou dizendo que seja fácil abandonar expectativas, mas, para mim, ser mãe não é uma empreitada mundana com prazo de validade, como se eu estivesse investindo e esperando retorno, não tenho um plano de ação para aperfeiçoar nem a forma nem o conteúdo do meu produto; honestamente, nunca tive a pretensão clássica de achar que sei o que é melhor para ela. Só procuro deixar claro que estou sempre ali por perto, que ela é a minha prioridade (...)"

"Possam todos os seres, nossas mães
Ter a felicidade e as causas de felicidade.
Estar livres do sofrimento e das causas do sofrimento.
Nunca estar separados da sagrada felicidade, que é sem tristeza.
Viver em equanimidade, sem apego ou aversão, acreditando na igualdade de tudo que vive."

"O Budismo tem me encorajado a ficar em silêncio, fechar os olhos e entrar em contato com o que está por trás dos meus pensamentos, a maternidade tem me ajudado a abrir o coração, ouvir o que está além das palavras e enxergar o que está além do visível."

"As coisas são como são, é a nossa reação que vai perpetuar ou minimizar as causas de sofrimentos futuros. Se não temos controle sobre o que chega a nós, temos escolha sobre o que lançamos no mundo."

"Às vezes, para conseguir ter paz, é preciso abrir mão da necessidade de ter sempre razão."

"Não importa qual seja a experiência, triste, alegre ou neutra, ela vai mudar de forma, de intensidade e eventualmente vai passar."

"O exemplo do que fizemos com a nossa própria vida é a herança que vai acompanhar nosso filho até o fim da dele."

"Os maiores obstáculos que encontramos são criados por nós mesmos, e um dos principais é uma autoimagem projetada a partir do que achamos que deveríamos ser e não de quem já somos."

"A prática da compaixão deve começar por nós mesmos; aprendendo a olhar internamente tudo o que nos constrange e amedronta com um olhar de mãe, sem julgamento, passamos a aceitar o que vemos nos outros sem oferecer resistência."


3 comentários:

  1. Êi! Vim te avisar que tá rolando sorteio lá no blog... e acho que vc vai gostar!
    A mamãe sortuda vai ganhar um CD novo do Pato Fu, que gravou músicas ótimas com instrumentos de brinquedo. Ótimo para pais e filhos! Se quiser participar, boa sorte! Se não ganhar este mês, participe no próximo... agora terá sorteio de produtos infantis bacanas TODO mês!

    www.roteirobaby.com.br

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  2. Esse trecho me descreve muito bem "No entando, nunca consegui encontrar uma religião pra chamar de minha. Sempre havia alguma coisa que não conseguia coexistir com a parte céptica e cientificista do meu espírito".

    Fiquei super curiosa para ler esse livro, Alice. Adorei os trechos que vc escolheu...de verdade!

    Beijo

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  3. Os trechos são lindos, muito bem escolhidos, e refletem de verdade o coração materno, independente da religião seguida!

    Beijos!!!

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